Vulcanismo

O vulcanismo é uma manifestação do geodinamismo interno, constituindo o mecanismo central da evolução do planeta.
Os vulcões oferecem um espectáculo por vezes trágico, mas deslumbrante e com interesse para o conhecimento do interior do nosso planeta.
As ilhas do arquipélago dos Açores são de origem vulcânica e constituem verdadeiros "laboratórios" para as Ciências da Terra, atraindo muito dos principais investigadores mundiais em diferentes áreas do conhecimento.
Estas ilhas emergem da chamada plataforma dos Açores, uma estrutura elevada em relação aos fundos marinhos circundantes. A grande actividade sísmica e vulcânica dos Açores relaciona-se com o contexto geológico em que se localizam.
A vulcanologia é a área do conhecimento geológico que estuda os fenómenos vulcânicos.
Os contributos fornecidos por essa área têm sido fundamentais para a elaboração de modelos de estrutura interna da Terra, sobretudo no que diz respeito à composição e à dinâmica da litosfera.

Conceitos Básicos

Um vulcão
é, na maior parte das vezes, uma estrutura de forma cónica - cone vulcânico, que possui uma depressão na parte central, a cratera, que se prolonga para o interior da Terra por meio de um canal, a chaminé vulcânica. Esta permite a ascensão do magma contido nas câmaras magmáticas que estão rodeadas por rochas sujeitas a enormes pressões, as rochas encaixantes.
O magma,
material rochoso fundido e rico em gases, contido na câmara magmática, constitui a bolsada magmática. Para além do cone principal, podem existir cones mais pequenos designados por cones adventícios ou secundários, na extremidade dos quais abrem as chaminés vulcânicas adventícias ou secundárias. Estas constituem canais mais pequenos que partem da chaminé principal, pelos quais ocorre ascensão de magma.


As erupções vulcânicas deste tipo, confinadas fundamentalmente a um cone vulcânico, configuram um tipo de vulcanismo designado por vulcanismo central.

A expulsão dos materiais vulcânicos pode ocorrer, igualmente, através de extensas fracturas ou fendas existentes na superfície terrestre, designando-se o conjunto de fenómenos associados a essa expulsão por vulcanismo fissural.
O esvaziamento da câmara magmática subjacente ao cone pode conduzir ao abatimento do aparelho vulcânico, originando uma depressão designada por caldeira. Frequentemente, nestas formações ocorre acumulação de água, originando lagoas.

Quando o magma armazenado nas câmaras magmáticas ascende à superfície terrestre, diz-se que ocorre uma erupção vulcânica.
A desgaseificação, ou perda de voláteis, do magma tem como consequência o aparecimento de lavas, cuja consolidação dá origem às rochas vulcânicas. 

É a este conjunto de manifestações que está associado ao conceito de vulcanismo activo.

Tipos de actividade vulcânica

As erupções vulcânicas variam de acordo com o tipo de magma, sua temperatura e sua composição química. Com base nestas características, podem considerar-se basicamente três tipos de actividade vulcânica:
  • Explosiva - Os fenómenos vulcânicos de natureza explosiva estão associados a lavas muito viscosas, com origem em magmas ácidos (ricos em sílica e em gases). Dada a sua viscosidade, estas lavas não formam escoadas e solidificam na cratera, formando as agulhas (acumulações de lava com formas alongadas e pontiagudas que consolidaram no interior da chaminé) e os domos ou cúpulas (acumulações de lava consolidada na cratera com formas arredondadas). As erupções são muito violentas, devido à acumulação de gases, e acompanhadas por grandes explosões, com a emissão de piroclastos e a formação de nuvens ardentes (nuvens de gases e poeiras incandescentes).
  • Efusiva - Os fenómenos vulcânicos de natureza efusiva estão associados a lavas muito fluidas, com origem em magmas básicos (pobres em sílica e com poucos gases). Dada a sua fluidez, a emissão destas lavas é rápida, formando-se grandes escoadas que podem percorrer centenas de quilómetros com uma velocidade variável.
  • Mista - Na actividade vulcânica de tipo misto ocorrem períodos efusivos e explosivos, isto é, períodos calmos com formação de escoadas e períodos com explosões violentas com libertação de piroclastos e gases.
Na tabela seguinte estão resumidas as principais características dos diferentes tipos de erupções vulcânicas.
Note-se que quanto maior é a percentagem de sílica, maior é a viscosidade (menor fluidez) dos magmas e das lavas respectivas, mais baixa é a sua temperatura e menor é a tendência para formar escoadas de lavas. Em termos de localização, diz-se que é um magma que pode ter origem mais superficial.
Localização das fontes magmáticas 

Pelo contrário, quanto menor for a percentagem de sílica de uma lava, menor é a sua viscosidade (maior fluidez), mais alta é a sua temperatura e maior é a tendência para formar escoadas de lava. A presença de gases no magma afecta também o tipo de erupção.

Produtos da actividade vulcânica

Podem considerar-se três tipos de produtos da actividade vulcânica: os gases, os piroclastos e as lavas.
Os gases mais frequentes são o vapor de água, o dióxido de carbono e óxidos de azoto e de enxofre.

Os piroclastos são fragmentos de rochas vulcânicas resultantes de lavas anteriormente consolidadas ou de lavas consolidadas logo após a sua emissão e apresentam dimensões variadas, pelo que tomam designações diferentes, desde as cinzas, com dimensões inferiores a 2 mm, passando pelo lapilli ou bagacina, de dimensão intermédia, até às bombas e blocos, com dimensões de 32 mm a 1 metro.
Ao consolidar, a lava pode originar formações típicas, consoante o seu tipo.
Quando as lavas são fluidas, a sua consolidação ocorre rapidamente à superfície, sempre que a velocidade de fluxo diminui.
Lavas pahoehoe, muito fluidas e lavas aa menos viscosas

Forma-se, assim, uma fina camada superficial, debaixo da qual existe lava que continua a fluir, provocando o enrugamento da superfície. As lavas assim solidificadas adquirem então o aspecto de cordas sobrepostas, denominando-se, por isso, lavas encordoadas ou pahoehoe. Por sua vez, a consolidação de lavas menos fluidas origina formações irregulares, com aspecto áspero e poroso, designadas por lavas escoriáceas ou aa. Devido à escorrência de lavas para o oceano ou a erupções submarinas, o arrefecimento da superfície da lava em contacto com a água é muito rápido, formando-se nessas massas uma carapaça sólida que é quebrada pela lava liquefeita que assim escapa para o exterior.
A repetição deste processo origina as chamadas lavas em almofada ou pillow lava.
Pillow lava ou lavas em almofada. Oman (Arábia Saudita)

Vulcanismo residual

Após uma erupção, um vulcão pode manifestar-se durante muito tempo por meio de emanações gasosas ou líquidas, a que damos a designação de
manifestações secundárias de vulcanismo ou vulcanismo residual.
Como exemplo dessas manifestações podemos citar:
  • fontes termais
- emanações de água, vapor de água e dióxido de carbono a elevadas temperaturas. Depois de aquecidas em profundidade, estas águas voltam à superfície a elevadas temperaturas. As fontes termais dos Açores, S. Pedro do Sul, entre outras, resultam deste tipo de águas.
  • géiseres
  • - jactos intermitentes e periódicos de água e vapor de água, a elevadas temperaturas, típicos de algumas regiões vulcânicas. A água expelida tem origem nas camadas freáticas, que se localizam próximo da bolsada magmática. Depois de aquecidas, forma-se vapor de água, que ascende à superfície através das fendas das rochas encaixantes. 
  • fumarolas - emanações gasosas exaladas pelas fissuras das rochas, situadas próximo de vulcões activos. De acordo com a natureza dos gases exalados, podem ser denominadas: sulfataras, se os gases que predominam são ricos em enxofre, e mofetas, se o principal gás presente for o dióxido de carbono.

Géiseres. Islândia

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